Relações de cuidados formais e pedagógicas: como criar uma base segura

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Relações de cuidados formais e pedagógicas: como criar uma base segura

Videoaula da Dra. Gabriela Casellato

Na videoaula “Relações de cuidados formais e pedagógicas: como criar uma base segura”, a Dra Gabriela Casellato, Cofundadora, professora e supervisora do 4 Estações Instituto de Psicologia, traz a Teoria do Apego, de John Bowlby para explicar a importância da sensação de segurança para o indivíduo desde seu nascimento, como ela será replicada nos relacionamentos que este indivíduo estabelecerá ao longo de sua vida e como compreendê-la é fundamental para criar uma base segura em tais relações, seja entre médico e paciente, professor e aluno, cuidador voluntário e assistido, entre muitas outras possibilidades.

Na Teoria do Apego, o psicólogo, psiquiatra e psicanalista britânico Bowlby destaca que o recém-nascido até a primeira infância precisa desenvolver um relacionamento seguro com um cuidador primário – na maioria das vezes, a mãe – e será esta relação que vai permear todo o seu desenvolvimento social e emocional. Ou seja, as respostas que essa mãe (ou figura principal de cuidado) der às demandas da criança serão internalizadas por ela, e é a partir daí que ela vai estabelecendo seu contato com o mundo: se este é um local seguro e posso explorá-lo com segurança, se é um local extremamente hostil e preciso me defender, por aí em diante.

Mas como isso se aplica à vida adulta do indivíduo? Ou nas relações de cuidados formais, como as mencionadas acima? O cuidador formal, de certo modo, fará esse papel da mãe de “cortar” o medo, de devolver a sensação de segurança ao indivíduo que está sendo cuidado, afinal, uma vez que ele está sendo assistido, ele está em uma situação de fragilidade: um idoso em um asilo, uma criança na escola (que depende dos seus professores e demais profissionais da instituição de ensino), um paciente no hospital. Gabriela observa que não se trata de laços de amor, mas sim de cuidado, respeito, empatia: colocar-se no lugar do outro e compreender seu sentimento de insegurança, para então cumprir esse papel de tirar o medo para que a relação flua do melhor modo possível e todos sejam beneficiados, tanto quem é cuidado, como quem cuida.

Um paciente com medo, que não conseguiu estabelecer um vínculo de confiança e segurança com seu médico pode ser refratário ao tratamento, não conseguir assimilar o que lhe é passado. Uma intervenção que teria tudo para correr bem tecnicamente pode até mesmo ser desastrosa.

O cuidado humanizado – Gabriela observa que o cuidado humanizado – a combinação técnico-científica e a dimensão subjetiva-relacional – é fundamental. O cuidador formal deve prover conhecimento técnico e contato humano e, para tanto, é primordial que tenha disponibilidade emocional, isto é, esteja em condições de ajudar, de fato, o assistido. Assim, o cuidado humanizado consiste em estabelecer um sistema de apego provisório que pressupõe proximidade, segurança, hierarquia e disponibilidade emocional.

É importante lembrar que nas interações, as atitudes são mais expressivas do que as palavras em si. O profissional pode estar explicando algo a seu assistido, porém suas atitudes podem demonstrar que ele não está disponível de fato emocionalmente (braços cruzados ou segurando algum objeto, por exemplo). Evidentemente que esta postura será percebida, ainda que de forma inconsciente, por quem está sendo cuidado o que contribuirá para criar mais um obstáculo na relação.

Assim, trata-se de uma experiência circular entre os agentes (quem cuida e quem é cuidado): aquele que necessita de cuidados dirige comportamentos de apego para quem vai cuidar. Este indivíduo vai responder a esta pessoa no sentido de desligar esse comportamento de apego/ medo a partir dos cuidados que prestar.

Quando a resposta é somente técnica – o médico ou o enfermeiro apenas ministrou o medicamento, mediu a temperatura, ou a mãe apenas verificou se a criança não se machucou na queda – e não houve um contato de fato, mais atento e acolhedor, o individuo continuará com seu comportamento de apego porque está se sentindo inseguro. Por outro lado, quando este cuidador formal responde eficientemente a este chamamento (ao choro da criança, ao toque da campainha no hospital), o paciente ou a criança se sentem seguros e daí o médico, enfermeiro ou a mãe poderão seguir com suas rotinas.

O ambiente escolar – a mesma dinâmica vale para o ambiente escolar. Aquela criança mais “difícil” também (e principalmente ela) precisará de um acolhimento. É necessário conhecer sua história, ouvir com empatia as dificuldades dos pais, evitando o pré-julgamento que, mais uma vez, poderá atravancar ainda mais o relacionamento. A escola pode ser a segunda chance daquela criança estabelecer uma relação mais segura e, portanto, mais saudável com o mundo e o papel dos educadores é crucial neste processo.

Gabriela relembra que a escola também traz uma série de ameaças para a criança – dificuldades de socialização, insegurança, aprendizado, bullying, crises concomitantes aos conflitos/ problemas familiares, entre tantas variáveis – e como o educador pode ser aquele agente que vai “tirar” o medo, mostrando ao indivíduo que ali não precisa ser assim, criando, portanto, uma base segura que será fundamental para que este aluno possa se desenvolver e progredir.

Comportamentos de cuidado e o Triângulo de Aprendizagem – a doutora lista alguns comportamentos de cuidados que podem ajudar nesta interação entre os agentes, tirando o medo: contato visual, proximidade física, soluções práticas no tratamento de um indivíduo, entre outros. No ambiente escolar, a criança precisará, por exemplo, da disponibilidade emocional e constância do professor (saber que ele está ali, disponível para ela e emocionalmente estável), bem como do ambiente: um local seguro, com rotinas, calmo. Esta combinação contribuirá para a sua sensação de segurança.

Gabriela destaca como a teoria do Triângulo de Aprendizagem, de Guedes (2006), pode contribuir para o desenvolvimento de uma base segura na relação aluno-professor.

Mediante suas experiências familiares e, em especial, com seu cuidador principal, a criança desenvolverá alguns tipos de comportamento. Ela pode ser segura (teve as respostas que necessitava) ou ainda desenvolver três tipos de comportamentos que demonstram sua falta de segurança:

Insegurança ambivalente: ela teve a figura do cuidador principal presente fisicamente, mas indisponível emocionalmente, por exemplo. Com isso, ela precisa reafirmar seu contato com aquela pessoa, procurando pelo cuidador o tempo todo, o que a impede de sair para explorar o mundo. Na escola, ela demandará mais do professor, levando mais vezes suas tarefas para ele, por exemplo.

Evitativa – a criança não teve a figura do cuidador principal. Assim, ela desiste de procurar por ele para não se frustrar mais e acaba se tornando independente, executando suas tarefas bem ou mal, mas sem procurar pelo professor. O professor pode justamente usar a tarefa para tentar criar essa conexão com a criança, mostrando que o que ela vivenciou até ali não precisa se repetir no ambiente escolar (conceito de segunda chance).

Desorganizada (híbrido das duas primeiras): aqui é como se a criança vivesse um curto-circuito emocional. Está sempre com medo e não se sente bem em lugar nenhum, sozinha ou acompanhada. Ela não vai conseguir alcançar um bom desempenho na escola. Muitas vezes a escola e o professor acabam por desistir dela e é justamente esta criança quem mais precisa de ajuda.

O ambiente hospitalar – ao contrário da escola, que com o tempo conseguimos dominar (na maioria das vezes), o hospital é sempre um ambiente desconhecido e, portanto, ameaçador. A pessoa que entra no hospital se torna vulnerável psicologicamente e precisa se sentir, de forma instintiva, segura de novo. Para tanto, ela vai buscar uma figura de apego subisidária, a qual, mais comumente, será o médico: é ele quem vai proporcionar a cura, vai desligar o medo.

Para que o médico possa ser essa figura de forma eficiente, precisará, no entanto, disponibilizar-se emocionalmente, fazer essa entrega. Com isso, ele diminui o medo do paciente e todo o tratamento e qualquer procedimento que se fizer necessário correrá melhor e com mais chances de respostas. Mais uma vez, não basta apenas a dimensão técnica. O que ocorre, porém, como Gabriela destaca, é que ao se disponibilizar emocionalmente, ele se sente fragilizado e acaba evitando essa conexão.

A saída é justamente o contrário disso: disponibilizar-se emocionalmente, mas ser cuidado simultaneamente, garantindo, assim a continuidade desta cadeia.

A relação de cuidado estabelecida a partir de uma base segura poderá marcar de forma positiva a vida dos agentes: quem cuida e quem é cuidado.

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Sobre a Videoaula:

Palestrante: Dra. Gabriela Casellato
Título da Palestra: Relações de cuidados formais e pedagógicas: como criar uma base segura.
Tempo de duração: 80 minutos
Idioma: Português – Brasil
Legenda: Português – Brasil
Período da locação: 1 semana

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