
O luto não reconhecido, termo cunhado por Kenneth Doka, é aquele no qual o enlutado tem vedada a oportunidade de vivenciar seu luto. Isso se dá por uma restrição da sociedade ao seu tipo de luto, como em relações não validadas ou aceitas; ao tipo de morte, por suicídio, por exemplo; aa características do próprio enlutado, como crianças e idosos. Os enlutados também podem exercer essa restrição em relação ao seu luto, impedindo-se de participar dos rituais, de expressar seu pesar e ate mesmo de pedir ajuda.
Colin Murray Parkes (1998) apresentou resumidamente as condições que encontramos para luto e luto não reconhecido e o que podemos fazer para, como profissionais, ajudar essas pessoas a enfrentar seu luto de maneira saudável. Esse autor destaca que profissionais da saúde podem ser os únicos em posição de ajudar pessoa que vivem um luto não reconhecido.
Premissas |
Princípios |
Luto é uma experiencia muito importante, que precisa ser reconhecida. |
Membros da equipe de cuidados têm muitas oportunidades para fazer isso. |
Perdas que tenham sido previstas, para as quais tenha havido tempo de preparação, levarão menos a problemas psiquiátricos do que as mortes inesperadas. |
Dando apoio e compartilhando informação com sensibilidade podemos ajudar as pessoas a se preparar para o que enfrentarão. |
Muitas das perdas ao longo de uma doença afetam também a vida dos membros da família do paciente. |
A família faz parte da unidade de cuidados, juntamente com o paciente. |
Pessoas enlutadas tendem a oscilar entre evitar e confrontar-se com a perda. Os problemas surgem quando predomina um destes movimentos de enfrentamento . |
Algumas pessoas precisam de permissão e encorajamento para viver o luto e de reasseguramento sobre o que é normal nesse processo. |
Raiva e vergonha podem complicar o processo de luto. |
As pessoas precisam ser reasseguradas que não ficam pesarosas o tempo todo e isso faz parte de um luto saudável. Elas precisam de oportunidades e encorajamento para replanejar sua vida, de maneira que possam valorizar seu passado. |
As perdas podem afetar o cuidador também, não se excluindo o cuidador profissional. Médicos não são imunes ao luto. |
Membros da equipe de cuidados têm condição para avaliar o risco, dar apoio, e orientar aqueles que precisam de cuidados adicionais sobre onde busca-lo. |
A minoria que está em risco (pessoa com perdas traumáticas, em vulnerabilidade pessoal ou sem rede de apoio) pode ser identificada antes ou no momento da perda. |
Precisamos mostrar compreensão e não julgar. |
Parkes, C.M. Facing Loss. BMJ 1998; 316:1521-1524
Perdi minha filha não humana à quase 6 meses. Estes 6 meses trem sido de total falta de qualquer coisa; estou levando. Com ela, foi -se o que havia de melhor em mim. Ela era minha companheira, meu amor, minha amiga. Eu passei por muitas perdas antes dela….irmão, pai, marido….mas a perda dela…..Me jogou no chão. Não estou sabendo como lidar; perdi minha auto estima, minha vaidade( eu que era siper vaidosa), prrfi minhas vontades. Eu só levanto, passo as horas, deito torcendo pra conseguir dormir pq ai eu desligo.
O amor vivido com um Pet pode e geralmente é mais livre, puro, de verdadeira entrega, do que a troca possível com muitos seres humanos. Infelizmente nossa cultura tem dificuldade de aceitar isso, pela forma como vê e trata os animais. Muitos acham que é um comportamento doentio, mas o seu luto é legítimo, você tem direito de chorar e sentir sua perda.
Alguns lutos são mais difíceis de superar que outros, então em algum momento poderia ajudar muito a procura de um bom e amoroso terapeuta, que te escute sem te julgar e possa atravessar e ir aos poucos retomando sua vida. O uso de florais também podem ajudar o processo, pois pide ser muito dolorido. A saudade é assustadora e alguns sentimentos que surgem como a culpa precisam ser trabalhados. Grande abraço
Essa teoria se aplica a perdas que não são por morte? é possível ficar enlutado por perdas que não são mortes concretas de pessoas proximas ou animais de estimação?
Sim. Se aplica a perdas em geral que a sociedade, por razões culturais, ou de ignorância mesmo, não costuma achar válido, como amantes por exemplo.
O amante não pode falar sobre sua dor, porque a relação não era aceitável. Os animais de estimação também, pois a sociedade em geral acha um exagero, etc